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sábado, 31 de março de 2012

O Valor da Biodiversidade


Hypericum foliosum - endémica dos Açores
Quando nos colocamos a questão: Qual o valor da Biodiversidade? imediatamente efetuamos deduções de cariz económico e financeiro. Ou seja, são óbvios alguns dos serviços que nos presta a biodiversidade, dado que nos fornece recursos naturais que nos são necessários. As pescas, a agricultura, a silvicultura, a extração de inertes dependem dos recursos que a natureza nos disponibiliza. Contudo, a biodiversidade presta um vasto leque de “serviços ecossistémicos” aos quais não damos o devido valor. Pensem nos insetos que polinizam as nossas culturas, nos solos que lhes servem de base e alimento, nos sistemas de raízes das árvores que sustêm terras e taludes e nas formações rochosas que limpam a nossa água, nos organismos que decompõem os nossos resíduos, nas zonas húmidas que purificam as nossas águas residuais e nas árvores que purificam o nosso ar. Pensem no valor da natureza, na sua beleza e na forma como a utilizamos para fins de lazer.
Estes são apenas alguns dos “serviço ecossistémicos” que tornam possível a vida na Terra. No entanto, perdemos a nossa ligação com muitos destes serviços básicos de suporte vital e raramente vemos o que realmente representam ou lhes damos o devido valor. Só por si, este facto tem enormes implicações para o nosso mundo natural.
A transformação de ecossistemas naturais em áreas destinadas à exploração antropogénica pode representar a curto prazo um benefício económico. Exemplo disso são as desflorestações e drenagens de zonas húmidas para transformação em terra de cultivo. Contudo, a médio e longo prazo, estas ações demonstram-se extremamente onerosas, dado o investimento necessário para combater os seus efeitos. Regra geral a transformação de ecossistemas naturais em áreas de exploração antropogénica favorece quem o transforma, mas acentua a pobreza dos que dependem do ecossistema.
“A Biodiversidade contribui diretamente (através de serviços de aprovisionamento, regulação, e ecossistémicos culturais) e indiretamente (através de serviços de suporte do ecossistema) para muitos constituintes do bem-estar humano, incluindo material de segurança, fundamental para uma boa vida, saúde, boas relações sociais, e a liberdade de escolha e ação. Muitas pessoas foram beneficiadas durante o último século pela conversão de ecossistemas naturais para ecossistemas dominados pelo homem e pela exploração da biodiversidade. Ao mesmo tempo, no entanto, essas perdas de biodiversidade e mudanças nos seus serviços fizeram com que algumas pessoas diminuíssem o seu bem-estar, verificando-se mesmo a pobreza em alguns grupos sociais desfavorecidos.”
Infelizmente, tem-se verificado que a tomada de decisões políticas, reflete o impacte económico imediato, sem considerar os efeitos a longo prazo, das alterações efetuadas ao nível dos ecossistemas e da biodiversidade, a nível social e económico.
“Numa série de estudos já existentes sobre mudanças no valor económico associadas a mudanças na biodiversidade em locais específicos (como a conversão de mangais, drenagem de zonas húmidas, e claro, desflorestação), verifica-se que o custo económico total de conversão do ecossistema é significativo e, por vezes excede os benefícios da conversão do habitat. Apesar disso, em um número destes casos a conversão foi promovida porque o custo associado à perda de serviços do ecossistema não foi considerada, porque os ganhos particulares foram significativos (embora menos do que as perdas públicas), e por vezes também devido a perspetivas distorcida dos custos e benefícios relativos. Muitas vezes, a maioria dos habitantes locais foram marginalizados pelas mudanças.”
Urge perspetivar a biodiversidade, não como um stock de materiais, mas como um recurso holístico, composto por milhares de constituintes que interagem entre si e que nos beneficiam em diversos níveis: “A vida selvagem vale a pena conservar, porque é interessante, bonita, espetacular, ou porque contribui para paisagens que são interessantes, bonitas ou espetaculares. Animais e plantas selvagens servem de inspiração não só para os biólogos, mas também para milhões de naturalistas, exploradores, pintores, fotógrafos, escritores, poetas e músicos. Depois de Aldous Huxley ter lido “Silent Spring” de Rachel Carson, o seu comentário foi de que "estamos perdendo metade do objeto da poesia Inglesa "
“Desfrutar da vida selvagem está longe de ser restrito aos poetas, no entanto. De acordo com uma pesquisa realizada para o Fish and Wildlife Service EUA, 77 milhões de americanos participaram em atividades recreativas relacionadas com vida selvagem em 1996. Durante esse tempo, gastaram-se 108 mil milhões de dólares em comparação com apenas 81.000 milhões dólares gastos em carros. Preservar o ambiente é saudável para a economia, bem como para a alma.”

Fontes:
- http://www.eea.europa.eu/pt/sinais-da-aea/artigos/uma-tapecaria-de-vida consultado a 31 de março de 2012;
- Millennium Ecosystem Assessment, 2005. Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, DC., 2005
- Bryant, P., Biodiversity and Conservation

Porque é que a Biodiversidade é importante?

quinta-feira, 29 de março de 2012

2010: Ano Internacional da Biodiversidade

O que é a Biodiversidade?

Qual o sentido da palavra Biodiversidade?




Decompondo a palavra:

Bio = Vida + Diversidade} Diversidade de Vida

Segundo a Agência Europeia de Ambiente "A biodiversidade engloba a variedade de genes, espécies e ecossistemas que constituem a vida no planeta."

A Agência Portuguesa de Ambiente define a biodiversidade como "a variedade e a variabilidade existente entre os organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais elas ocorrem. Ela pode ser entendida como uma associação de vários componentes hierárquicos: ecossistema, comunidade, espécies, populações e genes em uma área definida. A biodiversidade varia com as diferentes regiões ecológicas, sendo maior nas regiões tropicais do que nos climas temperados.

Refere-se à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna, de fungos macroscópicos e de microorganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos.

A Biodiversidade refere-se tanto ao número (riqueza) de diferentes categorias biológicas quanto à abundância relativa (equidade) dessas categorias. E inclui variabilidade ao nível local (alfa diversidade), complementaridade biológica entre habitats (beta diversidade) e variabilidade entre paisagens (gama diversidade). Ela inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos genéticos, e seus componentes."

O que é certo é que não há uma definição completamente consensual de biodiversidade. O seu conceito varia dependendo de quem a utiliza e em que contexto. "Um dos problemas associados aos processos de avaliação da biodiversidade é o fato de o termo ser entendido de forma diversa consoante o grupo profissional ou social que o interpreta." (Araújo, 1998)

A biodiversidade pode ser concebida como um conceito, uma entidade mensurável ou uma preocupação com a redução de vida.

A complexidade de conceptualização de biodiversidade compreende-se na síntese da biodiversidade, Millenium Ecosystem Assessment: “Biodiversidade é definida como "a variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens, incluindo, inter alia, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte; compreende a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas." A importância desta definição é que chama a atenção para as muitas dimensões da biodiversidade. Reconhece explicitamente que cada biota pode ser caracterizado pela sua taxonomia, ecologia, e diversidade genética e que a forma como essas dimensões da diversidade variam ao longo do espaço e do tempo é uma característica fundamental da biodiversidade. Assim, apenas uma avaliação multidimensional da biodiversidade pode fornecer perspetivas sobre a relação entre alterações na biodiversidade e mudanças no funcionamento dos ecossistemas e dos serviços ecossistémicos.”

Wilson considera que a biodiversidade deve ser encarada como um recurso global, para que possa ser catalogada, usada e acima de tudo preservada.

Ou seja, à que perspetivar a biodiversidade como algo de valor, necessário à humanidade, para que se consiga mobilizar nações e cidadãos em prol da sua conservação.

Fontes:

- Araújo, M., Avaliação da Biodiversidade em conservação, Silva Lusitana 6(1). 19-40, 1998, EFN, Lisboa

- Lovejoy, T., Biodiversity: What is it?

- Millennium Ecosystem Assessment, 2005. Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, DC., 2005

- Wilson, E., The current state of biological diversity

- http://www.eea.europa.eu/pt/themes/biodiversity consultado a 27 de Março de 2012

http://portaldoambiente.apambiente.pt:8080/maissobre/ConservacaoNaturaza/Paginas/Biodiversidade.aspx consultado a 27 de Março de 2012

sábado, 17 de março de 2012

Um exemplo da biodiversidade da ilha de Santa Maria

Nasceu um blog...

Nasceu um blog! Este nasceu a pedido. No âmbito do mestrado de Cidadania Ambiental e Participação, mais especificamente na unidade curricular de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação, foi solicitado aos mestrandos a criação de um blog para servir de local de reflexão e partilha de ideias sobre os temas leccionados na disciplina.
Ora, sendo eu natural de uma das mais pequenas ilhas dos Açores, é um privilégio debater e aprender sobre um tema como este! Isto porque, os Açores, tendo esta separação imensa de mar entre nós e a terra mais próxima, tem particularidades e especificidades ao nível da sua biodiversidade notáveis! Endemismos ao nível da flora e da fauna tornam uma saída de campo, uma descoberta!
Somos também riquissimos no que toca à nossa geodiversidade: ilhas vulcânicas, com marcas de vulcanismo recente em dversas ilhas. A ilha em que resido é ainda mais particular. Santa Maria é geologicamente, a ilha mais antiga do arquipélago, com cerca de mais de 4 milhões de anos que as que se sucederam. É portanto, a única ilha da região onde é possível observar sedimentos com fósseis de animais marinhos. Nas costas da ilha, através da sua estratigrafia, lê-se a história da sua formação.
Aguardo ansiosamente pelos ensinamentos que me serão transmitidos e espero sinceramente poder aplicá-los no que observo diariamente à minha volta!