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sexta-feira, 25 de maio de 2012
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Geoconservação
Constituído pelos elementos
notáveis da geodiversidade, o património geológico é um recurso natural, não
renovável, cujo conhecimento sistemático é ainda escasso na maior parte dos
países, com graves consequências para a sua conservação e gestão. A
identificação do património geológico deve obedecer, antes de mais, a critérios
científicos. Neste sentido, tem que ser a comunidade geológica de cada país a
definir, por consenso, os temas ou categorias mais relevantes da geodiversidade
nacional, do qual é exemplo a Carta de Geossítios da Ilha de Santa Maria,
criada pela Universidade dos Açores, tendo sido a base de fundamento da seleção
dos 5 Geossítios prioritários marienses que incluem o GeoParque Açores.
O Património geológico tem outros
tipos de interesses, para além do científico, que não podem ser negligenciados.
O interesse pedagógico é crucial para a sensibilização e formação de alunos e
professores de todos os níveis de ensino. O interesse turístico, importante na
promoção da geologia junto do público não especialista, pode contribuir para o
desenvolvimento sustentado das populações locais. A experiência dos Geoparques
em diversos países, com o reconhecimento da UNESCO, tem demonstrado que o
património geológico pode ser o motor para o bem-estar social e para a promoção
da geologia.
Geoconservação é entendida como o
conjunto das iniciativas que vão desde a inventariação e caracterização do
património geológico, passando pela sua conservação e gestão, de modo a
assegurar um uso adequado dos geossítios, quer ele seja de índole científico,
educativo, turístico, ou outro. O património geológico corresponde ao conjunto
das ocorrências de elementos da geodiversidade com excecional valor: os
geossítios, também conhecidos vulgarmente por geomonumentos, quando estes
apresentam uma particular monumentalidade/grandiosidade. O facto de se atribuir
ao património geológico um conjunto alargado de valores e, simultaneamente, de
ameaças, justifica a necessidade de implementação de medidas que salvaguardem a
sua conservação, constituindo um importante legado para as gerações vindouras.
É frequentemente argumentado que não
há necessidade de geoconservação, porque as caraterísticas da terrestres são
geralmente robustas. Este não é, no entanto, o caso comum. Importantes
exposições geológicas como delicados fósseis ou raras jazidas de minerais raros
são facilmente destruídos por escavações desadequadas ou colecionismo
descontrolado.
Processos de formação contínuos, como
por exemplo sistemas em grutas e rios, podem ser facilmente degradados por distúrbios
inapropriados nas suas áreas de captação de águas. Antigas dunas de areia podem
ser “sopradas” em seguimento de distúrbios na sua fina camada estabilizada de
solo causada por cortes de vegetação, utilização de viaturas e fogo. As
turfeiras podem ser completamente devastadas por uma queimada. Estes exemplos
são apenas a ponta do icebergue. De facto, a geoconservação lida frequentemente
com relíquias ou caraterísticas fósseis que já não estão em formação, e nas
quais, qualquer degradação é permanente e insustentável. Há uma muito boa razão
de implementar a geoconservação ativa, discutivelmente maior que a
bioconservação, na qual os seus elementos poderão “re-nascer” ou se “re-formar”.
Fontes:
BRILHA, J., Bases
para uma estratégia de geoconservação; Congresso Brasileiro de Geologia,
18, Aracaju, 2006 - " Congresso Brasileiro de Geologia". [S.l. : s.
n., 2006]. In http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/5683/1/brasil.pdf;
consultado a 14-05-2012
BRILHA, J. & CARVALHO, A.; Geoconservação em
Portugal : uma introdução; NEIVA, J. M.
Cotelo [et al.], ed. lit. – “Geologia aplicada”. [S.l.] : Associação Portuguesa
de Geólogos, 2010. (Ciências geológicas : ensino, investigação e sua história ;
vol. 2). p. 435-441. In http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/10572/1/Brilha_Carvalho_2010.pdf
consultado a 14-05-2012
SHARPLES, C.; Concepts and Principles of Geoconservation; Published
electronically on the Tasmanian Parks & Wildlife Service website; September
2002; (Version 3)
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Geodiversidade; geoconservação e Património geológico
Geodiversidade: A utilização do termo
geodiversidade é relativamente recente: o termo surgiu por ocasião da
Conferência de Malvern sobre Conservação Geológica e Paisagística, realizada em
1993 no Reino Unido. Portanto, compreende-se que tanto o termo como o conceito
de geodiversidade não apresentem ainda uma implementação sólida.
Contudo, poderemos considerar a
definição proposta pela Royal Society for Nature Conservation do Reino Unido:
“A Geodiversidade consiste na variedade de ambientes geológicos, fenómenos e
processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e
outro depósitos superficiais que são o suporte para a vida na Terra.”
Sedimentos Calcários muito ricos em fósseis marinhos - Pedra que Pica - Santa Maria - Açores
Assim, a geodiversidade
compreende apenas aspetos não vivos do nosso planeta. E não apenas os
testemunhos provenientes de um passado geológico, mas também os processos
naturais que atualmente decorrem dando origem a novos testemunhos.
Segundo Nunes, Lima e Medeiros
(2007) o termo geodiversidade pode ser definido como a amplitude natural
(diversidade) de caraterísticas geológicas (rochas, minerais e fósseis), geomorfológicas
(paisagens, processos) e do solo. Inclui as suas associações, relações,
propriedades, interpretações e sistemas.
A geodiversidade consiste assim,
na variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos ativos que dão origem
a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que
são o suporte para a via na Terra. Em suma, a geodiversidade inclui todos os
elementos não vivos do Planeta Terra, ou seja, a natureza abiótica.
Geoconservação: Para considerar a necessidade de
conservação da geodiversidade há que refletir sobre o valor que a
geodiversidade possui. Efetivamente podem ser apontadas várias categorias nas
quais se pode atribuir valor à geodiversidade, nomeadamente:
·
Valor intrínseco;
·
Valor cultural: relação entre o desenvolvimento
social, cultural e/ou religioso e o meio físico que o rodeia;
·
Valor estético / paisagístico.
·
Valor económico: produção de energia, matéria
prima para diversos fins, construção civil, águas subterrâneas, joalharia, etc.
·
Valor funcional: a geodiversidade demonstra-se
útil e funcional para diversos fins;
·
Valor educativo e científico;
De que modo está a geodiversidade
sob ameaça? Porquê considerar a sua conservação?
À semelhança da biodiversidade as
principais ameaças à sua conservação são de origem antropogénica. Contudo, há
que encontrar um equilíbrio entre a exploração da geodiversidade e a sua
conservação, dado que a subsistência da espécie humana depende em muito aspetos
da geodiversidade. As principais ameaças à geodiversidade são:
·
A exploração de recursos geológicos principalmente
através da alteração da paisagem e através da destruição de elementos com elevado
valor cientifico, educativo ou outro. Contudo, pode ainda interferir com o
decurso de processos naturais, quando interfere por exemplo com leitos de
cursos de água e zonas costeiras. Porém, são várias as situações em que os
trabalhos de extração de inertes colocam a descoberto elementos de elevado
valor estético, cientifico e educativo, de que é exemplo a Pedreira do Campo na
ilha de Santa Maria, onde a exploração geológica colocou a nu uma parede de
pillow lavas sobre uma camada de sedimentos calcários, ricos em conteúdo fossilífero.
Pillow lavas (lavas submarinas) muito acima do nível médio das águas do mar atualmente.
Pedreira do Campo - Santa Maria - Açores
·
Desenvolvimento de obras e estruturas: pela
alteração da paisagem, pela ocupação dos solos, pelas modificações induzidas mo
clima local e consequente fauna e flora, pela interferência ao nível das águas
subterrâneas e superficiais.
·
Obras para gestão de bacias hidrográficas, como
barragens, diques e canais que alteram o natural curso das águas e prejudicando
tanto a geodiversidade como a biodiversidade.
·
Florestação, desflorestação e agricultura que
podem encobrir determinados valores geológicos, erodir solos e contaminar solos
e águas superficiais e subterrâneas, respetivamente.
·
Atividades militares
·
Atividades lúdicas e turísticas em áreas
sensíveis.
·
Colheita de amostras geológicas para propósitos
não científicos.
·
Iliteracia cultural, desconhecimento dos valores
da geodiversidade.
O que é então a Geoconservação? Segundo
Sharples (2002) “A Geoconservação tem como objetivo a preservação da
diversidade natural (ou geodiversidade) de significativos aspetos e processos
geológicos (substrato), geomorfológicos (formas de paisagem) e de solo,
mantendo a evolução natural (velocidade e intensidade) desses aspetos e
processos.”
A Geoconservação tem como
objetivo a utilização e gestão sustentável de toda a geodiversidade, englobando
todo o tipo de recursos geológicos. Entende apenas a conservação de certos
elementos da geodiversidade que evidenciem um qualquer tipo de valor. Pretende
estabelecer estratégias que garantam a gestão sustentada dos recursos
geológicos, assegurando as técnicas de exploração.
A implementação de estratégias
que permitam a conservação de elementos geológicos que possuem inegável valor
científico, pedagógico, cultural, ou outros – os geossítios – é denominado Património
Geológico. Este é definido como o conjunto de geossítios
inventariados e caraterizados numa dada área ou região. Galopim de Carvalho
(1998) define geossítios, ou geomonumento, como uma ocorrência geológica com um
valor documental no estabelecimento da história da Terra, com características
de monumentalidade, grandiosidade, raridade, beleza, etc.”
Camadas estratigráficas - Ponta do Castelo - Santa Maria - Açores
Em suma: Os três termos são
indissociáveis e complementares. A Geodiversidade tem um valor inegável, e
sendo um recurso não há renovável, há que considerar meios de a explorar de
modo sustentável, pois precisamos dos recursos geológico para nossa
subsistência, mas temos que garantir que as próximas gerações tenham acesso a
estes recursos. Contudo há locais cujo valor é tão elevado, do ponto de vista
educativo e científico que deverão ser preservados de modo a que se mantenham
as suas características específicas, classificando-os como Património Geológico.
Fontes:
BRILHA, J., Patrímónio Geológico e Geoconservação - A Conservação da Natureza na sua vertente geológica, Palimage Editores, 2005
NUNES, J., LIMA, E., MEDEIROS, S., Os Açores, Ilhas de Geodiversidade - Contributos da Ilha de Santa Maria, Universidade dos Açores, 2007
Ribeira do Maloás - Santa Maria - Açores
A Ribeira do Maloás, corre sobre fundo de basalto e apresenta uma pequena queda de água sobre uma parede que ostenta uma das mais belas formações com que a atividade vulcânica presenteou a ilha de Santa Maria: uma disjunção prismática ou colunar. A formação de disjunção colunar em rochas vulcânicas é um assunto que suscita alguma controvérsia, em especial no que diz respeito à sua génese e desenvolvimento da morfologia. Porém, parece ser consensual que a causa da disjunção colunar se relaciona com a contração térmica da lava provocada pelo seu arrefecimento.
A disjunção prismática da Ribeira de Maloás é também um geossítio prioritário do Geoparque Açores e tem sido eleito como local ideal para iniciantes na prática de canyoning, permitindo captar imagens extraordinárias!
Fontes: BRILHA, J, SEQUEIRA, M.,PROUST, D., DUDOIGNON, P. (1998) "A disjunção colunar na Chaminé vulcânica de Penedo de Lexim (Complexo Vulcânico de Lisboa) - Morfologia e Génese". Comunicações do Instituto Geológico e Mineiro, tomo 84, fasc. 1, B164-B167
http://canyoningdesnivel.blogspot.pt/2009/05/canyoning-ni-santa-maria.html
http://canyoningdesnivel.blogspot.pt/2009/05/canyoning-ni-santa-maria.html
terça-feira, 1 de maio de 2012
Geodiversidade da ilha de Santa Maria - Barreiro da Faneca
O Barreiro da Faneca é apontado como um dos geossitios prioritários do Geoparque Açores para a ilha de Santa Maria.
Corresponde ao vulcanismo mais recente da ilha, ocorrido há cerca de 4 milhões de anos atrás, e é composto por piroclastos oriundos de erupções explosivas, que se trasnformaram, oxidaram, sujeitos a um clima extremamente quente e húmido.
As suas dunas são causadas pela erosão hidrica e eólica e conferem a este local uma paisagem única na região, tendo sido por isso classificada com Área de Paisagem Protegida pelo Parque Natural de Santa Maria (DLR 47/2008/A). Tornou-se, portanto, património geológico.
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