O Património geológico tem outros
tipos de interesses, para além do científico, que não podem ser negligenciados.
O interesse pedagógico é crucial para a sensibilização e formação de alunos e
professores de todos os níveis de ensino. O interesse turístico, importante na
promoção da geologia junto do público não especialista, pode contribuir para o
desenvolvimento sustentado das populações locais. A experiência dos Geoparques
em diversos países, com o reconhecimento da UNESCO, tem demonstrado que o
património geológico pode ser o motor para o bem-estar social e para a promoção
da geologia.
Geoconservação é entendida como o
conjunto das iniciativas que vão desde a inventariação e caracterização do
património geológico, passando pela sua conservação e gestão, de modo a
assegurar um uso adequado dos geossítios, quer ele seja de índole científico,
educativo, turístico, ou outro. O património geológico corresponde ao conjunto
das ocorrências de elementos da geodiversidade com excecional valor: os
geossítios, também conhecidos vulgarmente por geomonumentos, quando estes
apresentam uma particular monumentalidade/grandiosidade. O facto de se atribuir
ao património geológico um conjunto alargado de valores e, simultaneamente, de
ameaças, justifica a necessidade de implementação de medidas que salvaguardem a
sua conservação, constituindo um importante legado para as gerações vindouras.
É frequentemente argumentado que não
há necessidade de geoconservação, porque as caraterísticas da terrestres são
geralmente robustas. Este não é, no entanto, o caso comum. Importantes
exposições geológicas como delicados fósseis ou raras jazidas de minerais raros
são facilmente destruídos por escavações desadequadas ou colecionismo
descontrolado.
Processos de formação contínuos, como
por exemplo sistemas em grutas e rios, podem ser facilmente degradados por distúrbios
inapropriados nas suas áreas de captação de águas. Antigas dunas de areia podem
ser “sopradas” em seguimento de distúrbios na sua fina camada estabilizada de
solo causada por cortes de vegetação, utilização de viaturas e fogo. As
turfeiras podem ser completamente devastadas por uma queimada. Estes exemplos
são apenas a ponta do icebergue. De facto, a geoconservação lida frequentemente
com relíquias ou caraterísticas fósseis que já não estão em formação, e nas
quais, qualquer degradação é permanente e insustentável. Há uma muito boa razão
de implementar a geoconservação ativa, discutivelmente maior que a
bioconservação, na qual os seus elementos poderão “re-nascer” ou se “re-formar”.
Fontes:
BRILHA, J., Bases
para uma estratégia de geoconservação; Congresso Brasileiro de Geologia,
18, Aracaju, 2006 - " Congresso Brasileiro de Geologia". [S.l. : s.
n., 2006]. In http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/5683/1/brasil.pdf;
consultado a 14-05-2012
BRILHA, J. & CARVALHO, A.; Geoconservação em
Portugal : uma introdução; NEIVA, J. M.
Cotelo [et al.], ed. lit. – “Geologia aplicada”. [S.l.] : Associação Portuguesa
de Geólogos, 2010. (Ciências geológicas : ensino, investigação e sua história ;
vol. 2). p. 435-441. In http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/10572/1/Brilha_Carvalho_2010.pdf
consultado a 14-05-2012
SHARPLES, C.; Concepts and Principles of Geoconservation; Published
electronically on the Tasmanian Parks & Wildlife Service website; September
2002; (Version 3)
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